Apesar dos altos estoques nas mãos das usinas siderúrgicas e nos pátios das empresas que comercializam sucata de ferro e aço, as importações da matéria-prima, usada na fabricação de aço, continuam a crescer. Em julho (últimos dados disponíveis), conforme números divulgados pelo Siscomex, o total de sucata importada superou em 6 mil toneladas a quantidade exportadora, o que indica uma compra maior das usinas no exterior. Em janeiro, a importação também já havia superado a exportação (ver quadros abaixo) em 25 mil toneladas.
A exportação em julho foi de 73,2 mil toneladas, em relação às 79,1 mil importadas. Em janeiro, foram, respectivamente, 15,6 mil e 40,9 mil. Não existe uma explicação clara por que as usinas têm comprado tanta sucata no exterior diante da boa oferta interna e preços mais baixos no Brasil.
Conforme o Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), que se baseia em levantamento feito pela S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados decommodities, as usinas conseguem comprar a sucata no mercado interno em média por R$ 800 a tonelada, enquanto na importação pagam cerca de US$ 322 a mesma quantidade (R$ 1.288, ao câmbio atual), ou seja, quase R$ 500 mais cara. “Nada justifica esse aumento de importação”, afirma Clineu Alvarenga, presidente do Inesfa.
“É inaceitável esse aumento da importação de sucata exatamente quando as empresas tentam se manter vivas, ao lado de toda a cadeia do segmento”, diz. Alvarenga refere-se a um setor que reúne cerca de 5,6 mil empresas em todo o país, a maioria pequenas, e que garante a sobrevivência de mais de 1,5 milhão de pessoas, a maioria catadores (mais de 800 mil), que vivem da coleta de sucata e venda às empresas.
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