Daniel Alves Sodré *1
Willy Ank de Moraes *2
A rugosidade do canal usinado foi medida na forma de rugosidade máxima (Ry) e rugosidade média (Ra). Em relação à rugosidade máxima, foi verificada uma coerência entre os valores fornecidos pela tabela tecnológica do fabricante e os obtidos durante os ensaios em todos os Cps. Já em relação à rugosidade média, é possível constatar que, nas amostras tratadas termicamente, a rugosidade é ligeiramente menor que nas amostras sem tratamento térmico. A Figura 8 apresenta os resultados de rugosidade.
O acabamento superficial de uma peça está diretamente relacionada ao desempenho na sua aplicação. Entre estes desempenhos é possível citar o desgaste de componentes mecânicos, onde, superfícies com rugosidade mais pronunciadas estão sujeitas a desgastes mais intensos do que teriam no caso de um melhor acabamento [16]. Outro fator influenciado pela qualidade do acabamento superficial é a resistência a fadiga – componentes que trabalham sob a exigência de cargas elevadas necessitam de melhor acabamento, pois geometrias com alta rugosidade estão propensas a concentrações de tensão facilitando a propagação de trincas [16].
A medição da dureza teve como objetivo a comparação entre a dureza do componente fora do canal usinado e da dureza dentro do canal usinado. Esta comparação é importante devido à formação da camada branca originada pela resolidificação do material durante o processo de EDM. Nesse sentido verificou-se que todos os CPs apresentam uma dureza dentro do canal usinado maior do que a dureza medida fora deste canal. A Figura 9 apresenta as medições de dureza.
Como verificado em diversos trabalhos [4-5-7], a dureza superior dentro do canal é justificada pela integridade superficial deficiente gerada em função às altas temperaturas envolvidas durante a usinagem por EDM. Segundo Amorim [7], a dureza e a fragilidade da região termicamente afetada pela eletroerosão é bem superior ao material base da liga.
No caso de peças usinadas com dielétrico de hidrocarbonetos, ocorre que durante a usinagem carbono é liberado pela desintegração do dielétrico e interage com o ferro do aço, formando cementita (Fe3C) [17]. Devido as suas características, a camada deve ser removida por processos abrasivos como polimento e retificação. A presença desta camada também ficou evidente durante o ensaio metalográfico realizado nas amostras, principalmente nos CPS tratados termicamente, conforme mostrado na Figura 10.
Com base nos resultados obtidos, foi possível constatar que as peças que foram tratadas termicamente apresentaram-se com a largura do canal usinado menor que as demais. O mesmo comportamento foi observado em relação à rugosidade e a integridade superficial na região usinada. Peças com tratamento térmico se apresentam com menor rugosidade e com uma camada branca maior do que as que foram usinadas sem tratamento térmico. As Figuras 11 e 12 ilustram a relação entre a dureza, o dimensiona e a rugosidade.
A principal referencia para operadores de eletroerosão em relação a regulagem da máquina e os calculos da medida final do eletrodo ferramenta, são as tabelas tecnologicas fornecidas pelos fabricantes (Figura 4) que pos sua vez não levam em conta o tratamento térmico das peças. Com relação as tabelas tecnologicas, segundo apontado por Amorim [7], é muito difícil obter na pratica industrial as condições ótimas de usinagem e os mesmos resultados informados pelas tabelas tecnológicas fornecidas pelos fabricantes. Isso ocorre tanto pela complexidade na fabricação de moldes e matrizes quanto pela diferença entre os materiais efetivamente empregados na fabricação e aqueles que foram usados pelos fabricantes para a elaboração das tabelas tecnológicas de controle dos equipamentos de usinagem.
Entretanto, o que se observou durante os testes foi que o tratamento térmico interfere em características importantes de peças submetidas ao processo de EDM como a dimensão, o acabamento e a integridade da superfície usinada. Esta variação pode ser justificada em função dos efeitos que as transformações de fases no estado sólido, ocorridas durante o tratamento térmico, tem sobre a microestrutura dos aços afetando suas propriedade físicas [18 e 19].
CONCLUSÕES
Para a maioria das aplicações industriais, o tratamento térmico tem como objetivo a alteração das propriedades mecânicas como resistência a esforços diversos, desgaste ou fadiga. Entretanto nos ensaios realizados neste trabalho foi possível observar que o tratamento térmico tem influência direta no comportamento da usinagem por eletroerosão e possivelmente sobre a condutividade elétrica dos aços aqui estudados.
Variações dimensionais, de rugosidade ou de integridade superficial podem afetar aspectos importantes de moldes e matrizes causando dificuldades de montagem, diminuição da vida útil e até mesmo fratura. Diante da evidência da influencia do tartamento térmico na usinagem por descargas elétricas, fica a possibilidade de estudos futuros no sentido de que as tabelas tecnológicas para regulagem das máquinas levem em consideração o tratamento térmico dos aços ou ainda, estudos capazes de invertigar como as transformações na microestrutura dos aços afetam suas propriedades físicas, como por exemplo as propriedades elétricas.
Agradecimentos
Os autores expressam seus agradecimentos ao apoio recebido pelos colegas do SENAI Manuel Garcia Filho durante a fase de preparação e usinagem dos Corpos de Prova empregados neste trabalho.
REFERÊNCIAS
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Acesse: www.willyanksolucoes.com
*1 Tecnólogo Mecânico, Mestre em Engenharia Mecânica da UNISANTA, Professor no SENAI Manuel Garcia Filho e no Centro Universitário Anhanguera de Santo André, São Paulo, Brasil (danielsodre@uol.com.br)
*2 Doutorando, Mestre, Engenheiro e Técnico em Metalurgia e Materiais, Sócio-Diretor da Willy Ank Soluções Metal-Mecânicas, Professor Mestre da UNAERP-Guarujá e Professor Adjunto da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Santos, SP, Brasil (willyank@willyanksolucoes.com).