Sempre procurei ser um colaborador eficiente, no entanto, até há pouco tempo eu centralizava todas as atividades em mim, sem delegar. De fato, eu consegui entregar o que era requisitado, as vezes de maneira rápida ou as vezes com o prazo estourado, mas sem o acabamento adequado. Essa publicação começa em formato de confissão, afinal foi um dos meus grandes desafios nos últimos anos, delegar! Passar pela disruptura de abrir mão do “Ei, mas só eu sei fazer isso assim”. Assim consegui produzir mais e melhor.
Envolto em um ambiente de tecnologia e inovação, hoje eu vejo que acabei acertando em corrigir isso o quanto antes. Cada dia mais eu vejo o discurso da colaboração social, team work online, empresas planas (sem hierarquia) que apostam na inovação e no erro controlado para conquistar coisas novas. Isso só é possível quando os CEO’s abrem mão de ter direito e razão e decidem permitir-se que as ideias venham de outras formas.
David Velez, CEO da Nubank, comentou recentemente em uma entrevista que nas empresas financeiras tradicionais, seus concorrentes tomam decisões porque alguém diz: “Eu tenho 40 anos de experiência nisso, por isso digo que o caminho que devemos seguir deve ser esse”. Já na Nubank, empresa que ele lidera, ninguém poderia tomar decisões assim porque poucos tem sequer 40 anos de vida, em compensação seus colaboradores de 25 nacionalidades diferentes estão envoltos em uma gestão que delega as ideias… Então eu me pergunto: e a capacidade de tomada de decisão, resultado?! Bom, o Nubank tem uma fila de espera de 70 mil pessoas querendo ser clientes de seu cartão de crédito.
O ganho de produtividade é imenso, em vez de você ser o único responsável por fazer a máquina rodar, o todo trabalha em conjunto por você. Empresas de tecnologia criam células de conflito de propósito, a diversidade de opiniões gera conflito automaticamente, mas o saldo final é inovação. Passo por esta experiência todo dia. No meu ambiente corporativo temos colaboradores de vários níveis de graduação, idades, com pouca e muita experiência. Como trabalhamos todos juntos sem divisória ou salas, deparamos com problemas da engenharia que por sua vez foi sanado pelo marketing, ou ainda, do comercial que foi atendido diretamente pelos CEO’s que compartilham do mesmo espaço.
Estamos caminhando cada vez mais para uma sociedade que não se preocupa mais em “quem sou”, mas “o que posso fazer melhor”. Recentemente, também em uma entrevista, Wilson Ferreira JR, presidente da Eletrobrás, conta que assumiu há seis meses uma estatal com uma dívida 9 vezes maior que seu ebitda (geração operacional de caixa da companhia), por quê?! “Primeiro foi a honra do convite. Eu sou do tempo em que se você fosse chamado para a seleção brasileira, ficaria orgulhoso, receber o convite para a Eletrobrás me fez sentir da mesma forma”, comentou Wilson na matéria, e qual a primeira frase que ele menciona na reportagem como sendo seu plano de ação para mudar a empresa?! “Nós precisamos implementar uma mudança cultural…mobilizar as pessoas para encontrar uma solução. A solução está lá dentro”.
Toda cultura devora no café da manhã, sejam planos estratégicos de seus CEO’s. Se eles não forem os grandes agentes da mudança, começando por delegar a inovação e tomada de decisão e passando a gerenciar erros controlados, de fato, não haverá relógio que de conta de tudo o que precisará ser feito para atingir resultados satisfatórios. Todo grande líder compreende que precisa de um grande time e um grande time precisa de autonomia aliada a confiança de seus gestores para executar tarefas com responsabilidade. Conseguir formar um time de alta performance, com certeza vai fazer você ser mais produtivo do que sozinho embebido em suas certezas e afirmações. Talvez o primeiro passo seja como disse o próprio David Velez: “Contrate pessoas que tem a cabeça muito aberta e cheias de perguntas, do que pessoas que tem muita experiência e a cabeça cheia de respostas”.
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