China segue como maior parceiro comercial do Brasil, mas Índia cresce aceleradamente
– Acordos bilaterais devem fomentar expansão do comércio
O comércio entre os países dos BRICS deve ganhar força em 2017 como resultado da recuperação de Brasil e Rússia, contribuindo para uma expansão maior do Produto Interno Bruto (PIB) e compensando a fraqueza relativa da China após um primeiro semestre desapontador para o comércio do Brasil com seus parceiros nos mercados emergentes, de acordo com a maior empresa de contêineres do planeta, a MaerskLine.
De fato, os volumes deverão subir como resultado do crescimento esperado de 5,7% do PIB para os países que compõem o BRICS, com exceção da África do Sul, em 2017, versus a expectativa de que 2016 feche com uma melhora de 5,3% no PIB desses quatro países – volume significativamente maior do que as previsões para o crescimento global, de 3,5% no ano que vem, contra 3,1% em 2016. Em 2017, a China deve crescer mais de 6%, enquanto Índia, Brasil, e Rússia crescerão, respectivamente 8%, mais de 0,5% e acima de 1%.
Entretanto, todos os países do BRICS têm enfrentado incertezas políticas, o que reduz o apetite por investimentos em infraestrutura, algo criticamente importante no sentido de ajudar esses países a reduzir os custos da cadeia produtiva e, consequentemente, estimular as exportações e a competitividade. De acordo com a MaerskLine, quando um país consegue reduzir os custos do comércio em 10%, os ganhos para as exportações podem ser de mais de 20%.
Mas a possibilidade de o Brasil acelerar a aprovação de acordos bilaterais, sinalizada durante a 8ª Conferência do BRICS em Goa, Índia, são uma notícia animadora para a reversão desse quadro.
“O comércio brasileiro com países do BRICS no primeiro semestre foi desapontador devido à queda nas importações, que chegaram aos níveis mais baixos historicamente, mas esse cenário está mudando, com uma melhora na demanda pelos consumidores do setor varejista, o que nos faz ter a expectativa de ver uma melhoria no consumo interno até o final deste ano e a consolidação de uma tendência mais positiva para o Brasil em 2017”, diz Antonio Dominguez, Diretor Superintendente da MaerskLine para o cluster da Costa Leste da América do Sul, que inclui o Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
Embora a China continue como a principal parceira comercial do Brasil, a Índia começa a despontar como uma potencial consumidora de bens brasileiros. “A China segue como o parceiro comercial mais significativo do Brasil e, mesmo com alguma retração, seu potencial para as exportações de bens refrigerados, carne bovina em especial, continua enorme”, resume Dominguez. “Mas o potencial da Índia é enorme, considerando-se que este será o país de crescimento mais forte entre os BRICS no próximo ano”, completa.
No caso da China, por exemplo, o incremento de 1 kg no consumo per capita anual de carne bovina previsto para os próximos quatro anos, para 5,5 kg, deve representar o total das exportações brasileiras de carne bovina para o mundo inteiro atualmente, o que permitiria ao Brasil dobrar suas exportações de carne bovina até 2020 se exportasse esse excedente apenas para o país asiático.
Isso vem após a MaerskLine anunciar a aquisição de 14,8 mil novos contêineres refrigerados que serão somados ao investimento em 30 mil novas unidades em 2015 e outras 6 mil compradas no início do ano. A média de idade da frota de contêineres refrigerados da MaerskLine é de 7,9 anos, contra uma média de 12 anos da indústria como um todo.
“A China tem também despontado com uma importante superpotência, com capacidade para comprar frutas de diversos países. A inovação permite à MaerskLine estender a vida útil de produtos feitos à base de frutas, mitigando o efeito do tempo ao longo do percurso. Isso permite a prospecção de frutas de diferentes localidades e garante sua entrega em boas condições”, diz Nesto Amador, Diretor Comercial da Maersk Brasil.
“A exemplo dos contêineres refrigerados, a MaerskLine oferece produtos competitivos que são capazes de apoiar e estimular o crescimento para os consumidores em todas as nossas linhas”, ele acrescenta.
No primeiro semestre, o resultado total das importações mais exportações brasileiras foi historicamente baixo.
Ao esmiuçar esses números, torna-se rapidamente claro que a performance comercial será significativamente melhorada assim que o consumo interno voltar a crescer, já que o enfraquecimento nas importações pesou muito mais para o resultado do que o fortalecimento das exportações. A demanda brasileira por importações chinesas caiu 33% no primeiro semestre de 2016, representando o maior impacto individual no resultado geral.
Analisando-se os produtos por país, a maior parte dos bens industriais, maquinário, eletrônicos, metais, produtos de construção, químicos, vestuário, plástico e borracha importados pelo Brasil vieram da China. Todos tiveram perdas de dois dígitos, mas os químicos saltaram 25% em contraste, por exemplo.
Em contraste, a China e a Índia tiveram um papel significativo na compra de exportações brasileiras. O PIB da Índia deve se manter estável em 2017. Os bens brasileiros mais exportados para a China são papel e celulose, carne de porco e carne bovina, enquanto que, para a Índia, as maiores exportações são de metais, minérios e madeira.
A seguir, é possível visualizar a divisão das importações por porto no primeiro semestre (principais exemplos)…
…E a divisão das exportações por porto no primeiro semestre (principais exemplos):