Em busca de alternativas contra crise

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Não é segredo que a economia do país passa por um momento difícil. Mas não dá pra ficar parado esperando que um milagre aconteça. É preciso produzir e muitas empresas têm buscado alternativas para continuar a criar riquezas para o país. Um dos setores que tem chamado atenção é o de energia alternativa.

Em busca de alternativas contra criseUm dos destaques é a energia eólica que segundo estimativas da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a cadeia produtiva do setor deve gerar cerca de 50 mil empregos somente neste ano, que se somarão aos mais de 40 mil gerados no ano passado. Nada mau para um país onde a previsão para 2016 é de uma taxa de desemprego já na casa dos dois dígitos: além de diversificar a reforçar a matriz energética do Brasil, a energia eólica também começa a se tornar uma grande geradora de empregos.

E, ainda de acordo com a entidade, com as projeções apontando para a continuidade da expansão desse segmento de produção de energia, a criação de novos postos de trabalho em atividades diretas e indiretas deve ser constante ao longo dos próximos anos, de modo a acompanhar essa expansão.

“O setor cresceu 32% no ano passado em comparação com 2014, e em 2016 deve crescer uns 40% diante de 2015”, afirma a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum. Ela diz que o setor necessita de mão de obra para todas as áreas, desde operários de fábrica até gestores com alta qualificação acadêmica.

Na área industrial, o crescimento do número de empregos deve-se principalmente à tradicional política de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), hoje bastante criticada pelos defensores mais radicais do livre mercado, mas que – e isso é inegável – vem sendo o verdadeiro “motor” do segmento eólico com a sua exigência de percentuais mínimos de conteúdo local na produção de componentes como condição básica dos financiamentos.

Aço

O BNDES exige, para liberar as suas linhas de crédito para as empresas do setor, que as torres eólicas produzidas no Brasil contenham pelo menos 70% das chapas de aço ou concreto armado de procedência nacional.

Além disso, a entidade financeira também exige a fabricação das pás dentro do país – em unidade própria ou de terceiros -, a montagem da nacelle (parte principal do aerogerador) igualmente em unidade própria e a montagem do cubo (peça que envolve a nacelle) também no Brasil, com o uso de fundidos de origem nacional. Os fabricantes têm de atender pelo menos três dessas quatro exigências para terem direito ao crédito. Essas exigências, estabelecidas em dezembro de 2012, foram aplicadas gradativamente, permitindo que as empresas do setor tivessem tempo para se adaptar.

Segundo a Abimaq, o setor de equipamentos eólicos está conseguindo se expandir com boas taxas de lucratividade. E a capacidade de geração de energia eólica no Brasil já é de 8,7 mil MW, fornecidos por 349 usinas, instaladas na maioria na região Nordeste.

Segundo estimativas da Abeeolica, cada família que arrenda suas terras para a instalação de aerogeradores ganha cerca de R$ 2,3 mil por mês. No ano passado, foram pagos cerca de R$ 5,5 milhões por mês em arrendamentos. Os parques instalados atualmente possuem 87,5 mil ha arrendados e 3% destas áreas são ocupadas com os equipamentos eólicos. O restante pode ser utilizado para agricultura, pecuária e piscicultura, entre outras atividades microeconômicas.

Alternativa

Algumas empresas estão de olho no setor como forma de fornecer serviços e produtos. Uma delas é a Brafer, que tem experiência na fabricação de estruturas metálicas, e fez uma aliança estratégica com o Grupo Clavijo, companhia espanhola considerada uma das maiores corporações globais no setor de energia solar. O objetivo da aliança é fornecer seguidores solares (trackers) completos e, opcionalmente, a sua montagem em campo, para a geração de energia fotovoltaica.a entre Brafer e Grupo Clavijo oferece a mais recente tecnologia de energia solar no país

O objetivo da parceria é aproveitar os mais de 2,5 GW de geração fotovoltaica a serem implantados no Brasil durante os próximos três anos. Segundo o vice-presidente da Brafer, Luiz Carlos Caggiano, esse acordo permitirá que sejam realizados projetos fotovoltaicos no país. Afinal, o Brasil hoje conta com mais de 2,5 GW de projetos de energia solar fotovoltaica para serem instalados durante os próximos três anos. “Nosso principal objetivo é oferecer primeiramente ao território nacional tais estruturas, visando atender as demandas deste mercado, e, principalmente, a dos vencedores dos leilões ANEEL/LER (Leilões de Energia de Reserva), realizados em 2014 e 2015”, explica Caggiano.

Porém, o alcance também irá além das fronteiras do Brasil. O contrato, já assinado pelas empresas, visa atender tanto as demandas do mercado nacional quanto da América do Sul. “Com a expertise de ambas as empresas, será possível colocar em prática todo o projeto, oferecendo preços competitivos e a tecnologia mais avançada do segmento”, conclui Caggiano.

A Clavijo fabricará e fornecerá os componentes de movimentação e controles (PLC) na Espanha. O responsável pela área na Brafer, engenheiro Rubens Amaral, lembra que somente estes componentes serão importados pela Brafer e serão incorporados aos componentes nacionais, deixando o produto final com índice de nacionalização acima de 80%. “A Brafer fabricará e galvanizará, em sua própria planta de galvanização, os componentes da estrutura e fornecerá o conjunto completo aos clientes. Opcionalmente, também poderá oferecer a execução das fundações, montagem das estruturas e a fixação dos módulos (placas). Além disso, a parceria oferece estruturas fixas monoposte ou biposte aos projetos de geração de energia fotovoltaica”, conclui Amaral.