A demanda interna de máquinas e equipamentos cresceu 15,9% no acumulado de janeiro a outubro deste ano, fortemente concentrada na aquisição de bens importados
Por Ricardo Torrico
Se a indústria de máquinas e equipamentos é, como normalmente se alardeia, o termômetro de toda a indústria nacional, há então bons motivos para alimentar um clima de otimismo. Depois de anos em constante recessão, o setor tem colhido bons resultados, decorrentes principalmente do aumento da demanda interna. Isso talvez resulte de um longo período de demanda reprimida, que vinha comprometendo a eficiência e produtividade da indústria nacional… talvez. Mas vale observar que, mesmo nessas condições, nenhum empresário resolve investir em máquinas e equipamentos se não tiver uma mínima perspectiva de retomada da demanda de seus produtos.
Consumo aparente − O consumo aparente (produção – exportação + importação) de máquinas e equipamentos, que reflete a disposição dos empresários a ampliar sua capacidade de produção, registrou crescimento no mês de outubro de 2019, tanto em relação ao mês imediatamente anterior, de 21,5%, quanto em relação ao mesmo mês do ano anterior, de 33,7%. No acumulado do ano, o aumento na aquisição de máquinas e equipamentos foi de 15,9%, em comparação com o mesmo período de 2018. Uma parte importante desse aumento advém do mercado externo, que ampliou sua participação em 3 pontos percentuais, de 60% em 2018 para 63% em 2019.
Receita líquida − As receitas de vendas da indústria brasileira de máquinas e equipamentos ficaram estáveis na passagem de setembro para outubro de 2019, mas registraram um crescimento de 1,9% em relação ao mesmo mês de 2018.Essa melhoria do desempenho das vendas continuou sendo puxado pelas vendas internas. Já as vendas realizadas ao mercado externo registraram novas quedas, de 11% na comparação mensal e de 21% na interanual, em decorrência da desaceleração da atividade produtiva em diversos parceiros comerciais. No acumulado do ano, as vendas de máquinas e equipamentos acumulam um crescimento de 1,4%, desempenho este novamente sustentado pelo mercado doméstico, que evoluiu 7,7%.
Exportações − As exportações de máquinas e equipamentos registraram queda no mês de outubro de 2019, tanto em relação ao mês de setembro, de 11%, como sobre outubro de 2018, de 21,1%. O resultado acumulado no ano piorou 1,8 ponto percentual, saindo de uma queda de 4,5%, acumulada até o mês de setembro, para uma queda de 6,3% até outubro. Ainda que o câmbio, ao redor de R$/US$ 4,00, tenha permitido melhorar o retorno financeiro dos exportadores de máquinas e equipamentos, o cenário internacional em desaceleração vem inviabilizando o aumento das vendas, principalmente aos países da América do Latina, para alguns da Europa e a China.
Utilização da capacidade instalada − Passados dois anos do fim da pior fase da recessão econômica, que levou ao sucateamento e encolhimento do estoque de capital brasileiro, a indústria de máquinas e equipamentos ainda atua com uma ociosidade de quase 25% nos seus fatores de produção. No mês de outubro, a utilização da capacidade instalada teve uma pequena queda adicional, de 0,7%, atingindo 75,5%. Por outro lado, a carteira de pedidos registrou uma melhora de 14,1% em relação ao mês de setembro e de 2,3% em relação ao mesmo mês de 2018, sinalizando uma evolução positiva nas encomendas de bens não seriados.
Emprego − Após ter reduzido em mais de 90 mil o número de pessoas empregadas na indústria brasileira de máquinas equipamentos, em 2018 o setor retomou o processo de ampliação contratando 10 mil pessoas. Em 2019, o setor manteve suas contratações e em outubro, ainda que tenha registrado uma queda de 0,4% em relação ao mês imediatamente anterior, o setor atingiu o patamar de 306.310 trabalhadores formalmente contratados. Em relação ao número de pessoas ocupadas no final do ano passado, esse número foi 1,8% superior, equivalendo a 6 mil trabalhadores adicionais na indústria nacional de máquinas e equipamentos.