O mercado interno de veículos evolui dentro das expectativas otimistas da Anfavea, compensando plenamente a forte redução das exportações
Por Ricardo Torrico
A indústria automotiva nacional não está eufórica, mas também não tem motivos para queixar. Pelo contrário, tem colhido resultados satisfatórios e ainda trabalha com as mesmas previsões − geralmente otimistas − elaboradas no início do ano pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Segundo o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, o setor trabalha num clima de otimismo moderado e confiante na possibilidade de uma evolução mais positiva no segundo semestre − desde que se confirmem as reformas que vêm sendo debatidas pelo Congresso nacional.
Os resultados do setor só não têm sido melhores por conta da forte retração das exportações, decorrente principalmente da crise que tem afetado a economia argentina. “Houve um crescimento importante nos mercados da Colômbia e do México, mas eles ainda são pequenos, que não conseguem compensar a queda do mercado argentino”, afirma Luiz Carlos Moraes.
Mercado interno aquecido
No mês de julho, o mercado interno de autoveículos − automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus −, avaliado pelo número total de licenciamentos no período, tanto de unidades nacionais como importadas, atingiu 243,6 mil unidades, o que significa um crescimento de 9,1% sobre o mês anterior e de 12,0% sobre julho de 2018. No período de janeiro a julho deste ano, foram licenciados 1,55 milhão de autoveículos, volume 12,1% superior ao número de licenciamentos registrados no mesmo período de 2018.
Em julho, foram comercializados 8,9 mil caminhões, volume 16,3% superior ao do mês anterior e 35,7% também superior ao de julho do ano passado. Nos sete primeiro meses do ano, 55,7 mil caminhões, o que equivale a um significativo aumento de 44,3% sobre o número de caminhões comercializados no mesmo período de 2018.
Já no que se refere a máquinas agrícolas, em julho foram comercializadas 3,9 mil unidades, o que significou uma redução de 9,4% sobre o resultado do mês anterior e também uma redução de 17,2% sobre julho de 2018. De janeiro a julho deste ano, foram comercializadas 23,8 mil máquinas agrícolas, o que representa uma queda de 3,4% sobre o acumulado no mesmo período de 2018.
Exportações retraídas
No mês de julho, a indústria nacional exportou 42,1 mil autoveículos, volume 4,2% superior ao de junho, mas 15,3% inferior ao de julho do ano passado. No período de janeiro a julho deste ano, foram exportados 264,1 mil veículos, o que representa uma drástica queda de 38,4% em comparação com o volume exportado no mesmo período de 2018.
A exportação de máquinas agrícolas e rodoviárias atingiu 1,4 mil unidades em julho, evoluindo 60,1% sobre junho e 18,1% sobre julho de 2018. De janeiro a julho, foram exportadas 7,5 mil unidades, evoluindo 1,3% sobre o volume exportado no mesmo período do ano passado.
O valor do total exportado pelo setor em julho deste ano − englobando autoveículos, máquinas agrícolas e rodoviárias − atingiu US$ 910 milhões, valor 10,0% superior ao registrado em junho, mas 26,8% menor do que o registrado em julho do ano passado. No período de janeiro a julho deste ano, as exportações do setor atingiram US$ 5,926 bilhões, valor 38,1% inferior ao contabilizado no mesmo período de 2018.
Produção aquecida
Para atender à combinação dos mercados interno e externo, a indústria automotiva nacional produziu 266,4 mil autoveículos, volume que superou em 14,2% o total produzido no mês anterior e em 8,4% o de julho de 2018. No acumulado de janeiro a julho deste ano, foram produzidos 1,74 milhão de unidades, superando em 3,6% o total produzido no mesmo período de 2018.
Em julho também foram produzidos 10,9 mil caminhões, volume que superou em 9,3% o do mês anterior e em 23,3% o de julho de 2028. Entre janeiro e julho deste ano, o setor produziu 66,3 mil caminhões, o que representa um crescimento de 13,5% sobre o total produzido no mesmo período do ano passado.
A produção de máquinas agrícolas e rodoviárias atingiu 6,2 mil unidades no mês de julho, evoluindo 40,2% sobre o total produzido no mês anterior, mas caindo 8,1% em comparação com julho de 2018. No período de janeiro a julho, foram produzidas 30,9 mil unidades, volume 8,15 menor que o produzido no mesmo período de 2018.
Previsões mantidas
Com base nas tendências do mercado interno e das exportações, a Anfavea vem mantendo as previsões elaboradas no início do ano. A entidade trabalha com a expectativa de um crescimento de 9,0% na produção total de autoveículos este ano, atingindo 3,14 milhões de unidades. As exportações, porém, devem sofrer uma forte retração, estimada em torno de 28,5%. Veja as projeções completas na tabela elaborada pela Anfavea.